Bruma
Eu...
Uma moça que dança,
meu corpo tem a leveza de plumas ao vento,
minha aparência está a contento.
Delicio-me de minha própria seiva da posteridade
tudo é então imortal, indelével...
.....
Até que....trombetas tocam,
berrando urgência de atenção,
o tempo apresenta minha fragilidade,
e meu novo corpo, meu brio são escancarados no espelho.
A face real se põe.
E
entre os murais góticos desta ópera,
fantasmas transparentes, confusos e indecifráveis,
atormentam o ego já sem o viço...
Calam se as paredes cinzentas.
As estátuas parecem mais vivas...
A perspectiva se torna restrita ao horizonte próximo.
......
e o tempo passa de novo,
passa,
passa,
passa e já me parece pertinente...
Levemente as nuvens andam,
andam,
andam
e pequenas partes do azul celeste se mostram,
e um sopro sútil me toca.
E levemente, quase imperceptivelmente,
me torno um ser tátil...
Paradoxalmente, toco o mundo todo,
com a alma,
........
Meus olhos vêem o belo além da bruma,
vêem o céu além das nuvens,
e amor além do viço...
Ciclo: o primeiro de vários
Sou feliz,
Somos felizes,
Sempre seremos....