Órbita
A cada translação passada fico a imaginar...
O que foi bom...
E o que poderia ser melhor.
O que ganhei...
E o que perdi.
O que chorei...
E o que sorri.
O que lembrei...
E o que esqueci.
O que cativei...
E os que foram cativados.
O tempo que resfriei meus sonhos...
Talvez pelo anseio de durarem mais.
E o pouco tempo que ainda me resta.
A cada rotação passada fico a imaginar...
Entre dias e noites.
Noites que duram mais que os dias...
Nessa planetária imaginação constante.
Assim, sempre quero ser...
Como o vento...
Que não preciso tocar pra saber que ele me toca.
E quando me toca... Eu sinto.
Como o sol...
Que não preciso temer sua falta, pois ele sempre voltará.
E quando volta... Aquece-me.
Como o tempo...
Que não precisa parar de envelhecer.
E quando velho... Esclarece-me.