O HOMEM - O POETA

Um se vê inexpressivo e exclusivo peregrino dessa perdição

Desprovido de agradável feição, já apagado pelo desvalor

É a contribuição incolor para as telas da fascinação

O único visitante do vão de seu mais íntimo dissabor!

O outro é o absoluto êxito de um incidental mito

Um vencedor invicto, uma metáfora colossal

De longe vê inferno astral, pisa o degrau de um céu bonito

Semeia o encanto irrestrito do mel que encontra até no sal!

Já este passa qual ninguém ante o desdém da multidão

Seu mundo sem badalação abriga um palco sem aplausos

Tropeços e percalços são quais pedaços de seu coração

E a tímida luz que lhe alumia o chão é um verão de invernos falsos!

Porém aquele se apropria do que a este não compete

Um cálice de glória e confete, brindando um sonho que a vida não viveu

Mas sobre o tal imaginário apogeu, a inquietação me remete:

Não sei dos tais qual que por mim se mede, mas sei que em ambos moro eu!

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Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 20/05/2010
Código do texto: T2268350
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