O homem

Se a noite esconder todas as estrelas,

se no céu sobrar somente o breu e a lua,

se a saudade fugir com os nossos sonhos,

se a flor murchar e morrer em plena rua,

se a esperança se desfizer toda em quimera,

se o medo da vida se apodera,

se à amizade a falsidade desvirtua,

Ainda assim, amor,

restará a crença pura no afeto para nos suster enquanto há vida.

Se o vento arrastar nossos momentos,

se as nossas vozes o silêncio apagar,

se parados esperarmos novos tempos,

se a cegueira vier para nos guiar

se as nossas almas chorarem doloridas ,

se a sina vier a reger as nossas vidas,

se o sol ao meio-dia se apagar,

Ainda assim, amor,

restará a fé intacta no amor a nos manter enquanto há vida.

Se o homem a outro homem devorar,

se a guerra for o diálogo dos Senhores,

se a vida de um homem valer pouco,

se o homem para aqui só trouxer dores,

se o homem só evoluir externamente,

se a liberdade for pra um dia lá na frente

se na vida o amor for só rumores

Agora, sim, amor,

nada mais nos restará!