Às vezes.

Me olham, mas não me enxergam.

Me tocam e não me sentem.

Me juram e não cumprem.

Me ouvem e não me escutam

Me abraçam e não me apartam.

Às vezes e só às vezes.

Fico falando comigo, como se no mundo não existisse mais ninguém.

Fico admirando a linha de um horizonte e sei que é ilusão.

Fico esperando a chuva cair e sinto apenas o mormaço de um dia abafado.

Fico às vezes esperando o luar aparecer e tudo que vejo são nuvens pesadas, que comunincam-se e molham a terra numa agressividade profunda.

Às vezes, não mais que às vezes.

Vejo-me sonhando acordada.

Vejo-me munidas de sonho até a alma.

Vejo-me frágil, como o cristal que se parte em pedaços incoláveis.

Vejo-me sangrar como leite que se dinama da flor

Vejo-me dessaparer como a neblina dos dias instáveis.

Ás vezes, e tão somente às vezes.

Sinto-me tremer até o meu ultimo pedacinho.

Sinto-me gritar sem ao menos ouvir uma ronca voz a suspirar.

Sinto-me como uma folha que se desprende do galho e é levada pela ventania.

Sinto-me tão, mais tão sozinha... Que somente me resta o rabisco dessas linhas!

(SILVA, Jin Oliveira)

Araci - Ba 05 de janeiro de 2010

JiN Oliveira
Enviado por JiN Oliveira em 18/05/2010
Código do texto: T2265284
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