Medo de Bicho Papão

Eu não tenho vergonha de dizer

Quantos de mim existem por aí

Sei que um dia devo crescer

Que os problemas irão surgir

E eu terei que resolver...

Não, não quero confundir.

Só que o que mais poderia dizer?

Todos sabem que cresci...

E que também estou aprendendo a viver

Mas vencer esse medo eu ainda não consegui.

À noite, às vezes, sinto que vou desfalecer.

Ai, que ódio que tenho de mim...

Quando vou tomar jeito, e adulta parecer?

Acho que vai demorar se continuar assim...

“De namorar ela não tem medo”, sei que isso irão dizer.

Eu não ligo, porque também tenho medo disso aí.

“Que complicada!” Sim, também digo por me conhecer...

Mesmo assim não sou uma pessoa ruim!

Disseram-me que ele não existe e que nisso posso crer

Que está em outros lugares, que vive longe dali...

Mas eu não acredito. Se ele tem outros lugares para viver

Por que não me deixa em paz, e vai passar férias em Timbuí?

O que debaixo da minha cama vai fazer?

Só fica me impedindo de dormir.

Toda noite pesadelos eu devo ter

Senão ele não fica feliz...

E para sua satisfação de sono devo morrer.

Ai, quem me dera se ele decidisse partir...

Voar para longe, fugir, desaparecer!

Poderia na minha cama dormir...

Seria a primeira vez, a isso poder fazer...

Nenhum medo iria sentir,

E iria acordar sem minhas costas doer...

Mas enquanto ele não vai, para o sofá ainda tenho que ir.

Minhas costas ainda vão sofrer,

Medo eu ainda vou sentir,

Mas assim tenho que viver

Até a coragem vir morar em mim!