Paisagens que comovem

Em uma das janelas
Olho crianças brincando
Posso até descrever seus pensamentos
Posso até penetrar em seus sonhos
Nas mais puras fantasias
Estampada nos sorrisos, expressões de felicidade
Repleto de planos encantados
Um mundo mágico, embalado pela esperança
Pelo prazer de viver seu tempo
Aproveitando cada momento
Vivendo intensamente seus sentimentos
Degustando as alegrias da infância

Numa outra janela do lado oposto
Sou contagiado por uma tristeza
Ao ver crianças abandonadas
Lançadas a sorte, sem rumo, sem norte
Crianças sem esperança, sem um futuro
Uma personalidade formando resquícios amargos
Conseqüências que no amanhã desaguará

Pequenos adultos, pequenos chefes de famílias
Que são privados da fantasias
Que lhe são podados seus direitos a alegria
Não jogam bola, não soltam pipas
Não bricam de casinha, carrinho nem de boneca
Não tem sonhos de criança
São infantis mães e pais de seus irmãos
Segregados do direito a escolas
Vivendo sempre do lado de fora
Pela exclusão social,
Pela falta de oportunidade
Pela falta de olhos nelas.
Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 24/08/2006
Reeditado em 24/08/2006
Código do texto: T224466