Guerra Friamente Santa
A chuva caindo das folhas das árvores,
Anfetaminas para nos deixar acordados
E em alerta durante noites e noites.
Rastejamos pelo chão no mais profundo silêncio,
Abater os inimigos letalmente de surpresa...
Mandam-nos para uma guerra a fim de matar por motivos que nos ocultam,
Ensinam-nos a odiar a quem eles chamam de “inimigos, e bastardos...”
O Poder e o Dinheiro comandam os líderes mundiais,
Dezenas de crianças e mães que enterramos para esconder os crimes de nosso Governo,
Assassinamos com êxtase em nome de Deus,
Assassinamos sem piscar os olhos em nome de inúmeras convicções,
Assassinamos pelo prazer primitivo de matar.
Recarreguem suas armas,
E atire nos malditos inimigos sem hesitar.
Corpos em convulsão gritando de tanta dor,
Sangue gotejando das bocas das vítimas feridas,
E cada soldado que matamos tinha família e sonhos,
Enquanto os governantes sorriem para a TV com seus discursos chauvinistas.
Novo Milênio de Guerras Tribais
Estradas e hospitais reformados para se reelegerem,
Escolas em chamas,
Milhares de corpos empilhados sob o olhar voraz dos abutres,
Enquanto os alienados cidadãos assistem a novelas,
Jogam na loteria,
Vão a festas em busca de sexo e diversão,
E vêem futebol em seus lares...
Tudo cometido sobre o pretexto de perpetuar a Liberdade e a Igualdade,
Mentiras constitucionais engravatadas.
Toda uma geração de um novo século de farsantes,
Toda essa farsa sangrenta geopolítica sancionada
Sempre em busca de se apossar das riquezas que os outros países possuem,
Qual será o Deus que irá vencer com suas tropas
a batalha pela conquista de Petróleo, diamantes, e por água?
Rumores geram conflitos e quedas nas ações das bolsas-de-valores,
Imagens na TV devidamente forjadas e manipuladas para talhar
A opinião míope da população;
Feriados nacionais onde os verdadeiros fatos sacrificiais foram esquecidos,
Onde essa burguesia comemora a estabilidade de suas futilidades.
Um planeta enfermo por nações cegas e doentes,
Uma falange demoniacamente humana se exterminando
por banalidades perecíveis feitas de papéis ou de metais,
Enquanto os Generais do Alto Escalão tomam uísque e fumam charutos,
Exibindo o esplendor de suas patentes tão patéticas.
Novo Milênio de Guerras Tribais
Veja o sangue das indulgências no teto da capela Sistina,
Veja todos os criminosos e todos os crimes anistiados
Pelo sangue hipotético de Cristo;
Novos guetos urbanos com suas ridículas guerras por território e drogas:
“Matem todos os punks e neonazistas,
Destruam os amarelos, os negros, os hispânicos,
Norte-americanos, socialistas, e anarquistas.
Acabem com todos os infectados pela covardia, religiosidade e pela estultícia.”
Acordo suado de madrugada pelos pesadelos das crianças
Aos quais acariciavam os rostos de suas mães,
e choravam e gritavam entre as explosões de granadas e de fuzis.
Não sei mais se estou morto sonhando que ainda existo,
Ou se vivo sem ainda me dá conta que já morri há milênios.
Sangue, Ódio, Intolerância, Fanatismo, Ignorância, e Medo
São os alicerces de nossa Civilização.
_ Ó geração incrédula e perversa, até quando permanecereis dormindo?
Até quando vós não admitireis que todos vocês são um câncer que merece ser extirpado?
Por tanto, vinde a mim meus santos pecadores,
E cada um se auto-aniquile com suas próprias mãos tão encharcadas de pecados e crimes?
Espero-vos ansiosamente no eterno silêncio da Morte e do Esquecimento.
Gilliard Alves