O ESPELHO NO OUTRO

Eu e ou outro,

O outro e eu.

Paro um instante...

Vejo a face pueril e,

Detenho-me em lembranças da inocência: tudo pureza!

Caminho...

Contemplo a puberdade e,

De saudades o coração palpita em lágrimas

Por lembrar do proibido: vivido!

Mais passos no tempo...

Encontro a juventude e, incerto

Dou meus passos de quando o era.

Adianto-me...

E enxergo-me na velhice e,

Percebo que as forças e a formosura se foram.

Fico no espelho, no outro.

Contemplo faces límpidas,

Mãos atrofiadas, pés amputados,

Cabelos caídos,

Órgãos mutilados por vícios, doenças, toxinas.

Saio pela rua,

Praças,

Calcadas,

Hospital,

Lugares mil e,

Vejo-me em cada semblante, com tal.

E, no silêncio imagético

Cubro-me da certeza de que eu e o outro

Somos espelhados para a decadência de uma matéria,

Que não se basta.

Precisa caminhar para se vê no espelho da espiritualidade em cura: Deus.

Autor: Rubens Martins da Silva / GYN-GO, 28/04/2010.

Rubens Martins
Enviado por Rubens Martins em 05/05/2010
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