SONHAR E VIVER
O sono vem devagar...
todos os dias, bem devagar,
como animal cansado,
sem condições de seguir.
O sono, de mim, se apodera,
mas não morro nos sonhos.
Os sonhos reprisam o sol,
não há lua nem estrelas na janela.
São sonhos que eu toco com as mãos.
Talvez o sono, cansado, durma também.
Da luz que vem da imaginação,
acordo para o sol de todo o dia,
e busco um sonho acordado,
de trazer a lua perdida,
para os cantos da vida,
enganando a razão, que me fala ao ouvido:
_ ser feliz é viver um pouco mais sem sonhar.
Se devagar o sono aparece,
depressa eu me faço um carinho,
inventando uma canção qualquer.
Nem a razão pode explicar,
como viver, sem sonhar e sorrir,
sem contemplar o amor de uma poesia.