Numa mesa de bar...
Toda sexta um tolo novo pretexto tão fora de contexto...
Na rua em frente os ônibus parecem grandes monstros
(diante de outros animais trafegantes de menor porte),
Que carregam também vermes em seu ventre.
Tanta gente, igual e diferente, em etílicos sorrisos,
E em desesperadas gargalhadas, aos gritos se mostram,
Ou se escondem, tanto faz, de si mesmo, dos outros,
Ou da verdade indubitável de um possível olhar no espelho.
Talvez estejam numa espécie de fuga disfarçada de busca,
Ou buscando exatamente aquilo de que tanto fogem em vão...
Doses de esquecimento impregnada no fundo dos copos,
A vida que vem em garrafas, um tédio rotulado ao menos.
Um lugar entre mesas, presas de um predador implacável,
E inexistente que nos caçam as sombras e devoram sobras,
Vomitando de volta as míseras migalhas do que somos...
Nada contra, o que me amedronta é o que é a favor,
A consciência posta de lado, as vísceras do lado de fora,
Ter ido logo embora que seria bem melhor do que ter ficado.
Desagradável música no ar entre gritos e gargalhadas,
Aquelas gargalhadas que espalham a mediocridade do não
Não entender a graça da desgraça da piada infame.
Gelada e pálida a cara estupefata num gosto de quero mais,
Mais um copo, outro copo, mais uma noite, uma outra vida,
Afogando fracamente no nada toda a força que têm,
Se é que têm forças para voltar para casa, para a vida real,
Em meio a essa ilusão contagiante da infâmia de ter vivido
E nessa luta inglória, injusta e inútil de ser alguém...

Nada contra! Que as liberdades de cada qual os agrilhoem
Que a vida seja uma jaula e a morte esteja de malas prontas!
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 30/04/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2229859
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