“ R A ” (Rapad Rakh)
Bilhares de nobody`s
Pessoas ilhas com
Carmas tão passados
As fontes do mundo
Novo secaram. A
Árvore da Vida não
Produz mais frutos
Não há maçã para
Morder nem maná
Para comer. A cria
Nascituro berra um
Refrão soturno como
Se não quisesse nascer
Nada é dádiva nas
Gôndolas do senhor
Mercado. Se nascer
O bicho pega, se
Crescer o bicho come.
E ninguém mais foi
É ou será homem. A
Libido nasce coisificada
Na rede irada do tubarão
Mercado. As princesas
Malamadas há milênios
Vingam-se das idades
Todas adornadas de
Plena vulgaridade.
Todas nascem esposas
Com sobrenome Ninguém
Ávidas por agasalhar na
Poupança o próximo
Vintém. Inexiste presente
Ou futuro no buraco negro
Dantesco. Todos se negam
Ser filhos de RA. Todos
São batizados no negro sal.
Ninguém pode sair ou voltar
Para o aconchego de um lar
Ninguém pode sair ou voltar
Ao Norte da Rosa dos Ventos
Não há Terra Natal. Não há mais
Um lar para o Peregrino. A Terra
Natal é uma necrópole vestida de
Noiva e de morte.
Não há mais arte em lugar algum
E todos os olhares fazem parte
Do olhar do Grande Irmão Ogum.
O sol não nasce mais em outro lugar
Senão no lugar comum. O acaso
Possui em todo lugar a mesma cor
Todos os horizontes levam à Roma
À Meca ou a capital Palestina
Mas nenhum conduz à moradia do
Amor, Ética ou solidariedde.