Escorregadia Ribanceira

Existe algo que não se cansa de, negativamente me surpreender,

De me causar espantosos tremores,

É a terrível facilidade que o ser humano tem para inverter valores.

Para desprezar o que, segundo o seu material julgamento,

Não lhe convém,

E investir na massa disforme que o sustem.

Eis a receita nada sábia para o atual circo de horrores,

No qual o homem, inconcebivelmente teima em viver.

Difundem-se valores rasos, vazios,

Assustadoramente sombrios...

Calcados nada mais, nada menos,

Do que numa sucessão de pequenos erros.

Parece até que a humanidade,

Simplesmente perdeu a capacidade,

De enxergar,

De reconhecer,

De escolher,

De caminhar,

No que lhe é evolutivamente adequado.

No que lhe deixaria cosmicamente realizado.

Troca grandes feitos,

Pelo sustentar do seu absurdo jeito,

A sua incontestável tendência,

De sabotar a consciência,

Em troca de algum suposto conforto,

Que lhe suplica o seu ego roto.

Ignora seus verdadeiros afetos;

Tudo aquilo que lhe serviria de teto,

Pela possibilidade de alguns trocados,

Pela promessa de fama,

- Serve, para tanto, qualquer cama –

Não importando o saldo de irmãos destroçados.

Vale tudo para “subir na vida”,

Para satisfazer seus desejos,

Completamente fora do universal contexto.

A ética foi completamente esquecida.

O resultado é isso que aí está: essa pasmaceira,

Essa escorregadia ribanceira.

Estamos bem distantes,

De tudo que é efetivamente, relevante.

E o pior é que na linha de chegada,

Recebe a constrangedora recompensa

De quem não pensa;

De quem não raciocina,

Apenas se inclina:

O NADA!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 19/04/2010
Reeditado em 19/04/2010
Código do texto: T2205729