Entre

Nas águas da juventude,

O branco é branco,

O preto é preto...

Sem qualquer chance de discussão,

Ou negociação.

É vigorosamente radical a atitude.

Com o passar do tempo

E a conquista do início do amadurecimento,

Muda-se, sensivelmente, de opinião.

Retira-se, naturalmente, o grilhão

De ter que definir e qualificar,

De ter que, necessariamente enquadrar...

Ganha-se um inestimável jogo de cintura,

Que proporciona um viver mais tranquilo,

Sem tantos juízos...

Sem, entretanto, enfraquecer a postura.

Ao contrário, essa maleabilidade

É que acaba oferecendo a prosperidade.

É preciso assimilar que o universo está em expansão.

Nada está ou permanecerá estático.

Resistir às mudanças é um comportamento estrábico,

Desprovido de qualquer fundamento, ou razão.

Tudo, absolutamente tudo, muda

E isso assusta.

Existe o famigerado apego ao conhecido,

O pseudo-conforto do estabelecido,

Com suas categóricas definições

E alegóricas ilusões...

A intenção é manter cada qual em seu quadrado,

Para ser, devidamente, manipulado.

Mas, quando se percebe as sutilezas das cores,

As infinitas possibilidades de odores,

A multiplicidade de ardores,

A infinidade de sabores,

Lamenta-se o tempo perdido.

Olha-se com outros olhos, o desconhecido.

O que está entre dois conceitos,

Pode conter a semente

Da liberação da mente,

Na direção da verdade de cada peito.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 16/04/2010
Reeditado em 16/04/2010
Código do texto: T2199939