Há algo profundo, entretanto
N’algum modo de olhar, profundo
Ou de sentir assim tão intenso
Algo misterioso em amar tanto
No olhar criador tão fecundo
No saber assim tão pretenso
 
Haverá de ser decerto poesia
No abismo imenso da vida
Esse lirismo tolo que contagia
De uma beleza assim pretendida
O amor é algo tão fecundo
E a poesia assim tão pretensa
E o que tem de mais profundo
É aquilo no que nem se pensa
 
Bastem essas palavras para ludibriar
Um gosto duvidoso por coisas belas
Essas imagens de beleza tão tristes
Basta esse olhar para o quase nada
Esse gosto quase certo por tristeza
 
Queria o silêncio absoluto
A mais secreta quietude
Esse olhar sigiloso
E o discreto gosto duvidoso
Por coisas assim tão belas
 
Mas o verbo rasga-me o ser
O grito não pode ser contido
A palavra simplesmente vem
Como se soubesse de onde vem
Como se fosse tudo para mim
E eu para ela ninguém...
 
E eu sinto e nem sei o que é
Se soubesse não sentiria
Tudo isso é e pode ser poesia
Tem que ser o que pode ser
Senão não sei o que seria...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/04/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2198903
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