TRANSPARÊNCIA

Envelheço no corpo, e a alma reclama! Sinto-me jovem e como tal, quero ser transparente! Minha alma não reclama das rugas que o corpo vai construindo. Nem reclama das dores, que aos poucos irei experimentando. Não reclama de ir devagar, quando antes era pulando. Reclama só de não falar abertamente, aquilo que estou sentindo e pensando.

Sempre afrontei o mundo para ser quem verdadeiramente sou. Mas o tempo vai passando, as relações se ampliando e exigindo - ah, como é cansativo ser politicamente correto... E quando percebemos, a vida nos levou a ser apenas como acreditam que somos. E isso me faz sentir saudade... ai que saudade dos tempos que já se foram!

Ainda sou e serei transparente. Ainda mostro o que sinto, quem eu sou. Mas não com aquela energia! Nem com aquela ousadia! Nem mesmo do mesmo jeito (como é bom escrever como fosse ilusão, grandes verdades do coração...). Mostro bem menos - que pena... - do que a vida me ensinou a ser.