A MÁQUINA DO MUNDO...

A Máquina do Mundo não se abre com chave,

não se traveste, não se vende por nada,

é Sistema de sensibilidade que só funciona a Paixões.

É astrolábio dos Amores:

medem-se alturas das razões,

distâncias necessárias, larguras dos Espíritos.

Única Flor da vida inquebrantável, suave,

ora nos provoca, ora se oculta,

só é verdadeiramente tomada pela “Violência”.

A Máquina do Mundo enterra as ilusões,

dá vida aos ossos secos,

tritura Baco, esmaga Apolo.

Nela estamos no último Céu,

não há ciência, não existe saudade,

nenhum espelho reflete nossas míseras imagens.

Aqui, incha-se de tanto emagrecimento,

adoece-se engolindo tolices,

morre-se afogado em mentiras.

Rasga, pois, o peito, abaixa a guarda,

ateia fogo na pólvora de teus auto-enganos

e a Máquina, circunspecta, talvez se entreabrirá.