NÃO ME VEM NADA A CABEÇA...

NÃO ME VEM NADA A CABEÇA...

O que dizer se não tenho nada...

O que dizer se nada tenho...

O que descrever em uma breve pauta...

De minha apatia ou falta de empenho?

Ohh vida vazia, vida perdida...

Que coisa liga nossa cruz pesada

De pensar, matutar e nada sair...

Queria ser ao menos hoje...

Só hoje, uma bala perdida...

Mas como entrar no cano e saltar

Sem nem disparo tenho pra sair...

Vem você agora e me diz ‘o que’?

Que coisas passo eu a denunciar

Se não tenho nada em mente

Como posso uma vida marcar

Nesse dia de nada, que em nada diz...

Esses dias de enfado

Em que eu não me deixo ser feliz...

Mas o ócio é arte para alguns...

De quem se tire partido talvez...

O diabo apressam-se uns a dizer...

Mas que ao te digo que não, e ao invés...

São os filósofos de botequim são sim...

Tornando os dias mais práticos...

De praticas de singela meditação

Que nos levem ao alto sabático

Sustentados no amor ao ócio

Mas sem manter a razão

Melhor pensar em nada, nadinha...

Deixar a vida vazia, oca de idéias...

Do que ficar repesando a vida todinha...

E como num cantar vazio de platéias...

Vou daqui contemplá-la sorrindo...

Verso por verso perdido nas letras...

Que vão ao papel colorindo...

Nesse dia inteiro sem pensamentos

Melhor nem saber no que daria

Espero que ele passe feito paisagem

Nessa janela que daqui a gente espia...

Que vai logo desaparecer no vazio

Já que é pura miragem

Nesse dia de um tempo vadio...

No pensamento dessa viagem

Mas no silêncio já causa perplexidade

Vendo um e outro querendo achar

Pensando ler um texto de densidade

O que é um tanto de bobagens a brotar

E agora é visto como voracidade

Como se fosse um poesia ‘do sem pensar’...

Arqueirorj
Enviado por Arqueirorj em 22/03/2010
Código do texto: T2152413
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