Cadafalso
A verdade da consciência
É quem nos absolve de nossos horrores;
E a mesma verdade, em disfarce de decência,
Nos leva às mais insuportáveis dores.
Subindo o cadafalso da sinceridade,
Entregamos o pescoço a ser degolado,
Pelo crime que não cometemos, na verdade,
Mas, ainda assim, por ele somos julgados.
E a condenação, pelo código da humanidade
Não é a mais complascente:
Perante toda uma grande cidade,
A nossa cabeça, sobre uma praça, não estará pendente.
Porém, a nossa condição de sermos humanos
Estará para sempre detida!
Seremos alvo do exemplo a não se ter nos planos,
Das mais nobres casas,
Das mais perfeitas vidas!