O JURAMENTO
Vou fingir que eu possa achar normal levar tudo isso a sério
Tornar-me jovem quando for velho, estacionando numa ciranda
Achar o equilíbrio numa corda bamba, ver a colheita de um pomar estéril
Provar que até o bom humor é sério e que a vida estagnada é dança!
Eu vou mostrar ao mundo o quanto o impossível é plausível
Que o invulnerável também é perecível, até provar que o homem voa
Que o silêncio soa e a rudeza mais perene é susceptível
Que o forte a toda sorte de fraqueza está passível, tal como pingos reunidos são lagoa!
Eu tenho a pretensão de obrigar a introversão a ser deflagração
Que existe sede na inundação, que há até refrão sem estribilho
Que no calor também reside um frio e que o ódio é uma forma de paixão
Que o trem sem vagão segue numa certa direção mesmo sem trilho!
Sim, eu vou provar a mim mesmo o que a ninguém mais interessa
Porque meu pensamento tem pressa, igual cometa errante
Eu posso influir no doravante ou terminar o que ninguém começa
Juro que sequer farei promessa: que o meu recuo será um passo adiante!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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