Onde me leva o vento
Vais fugir?
Para onde?
Não sei
Algures
Talvez nunca mais te veja
Ou sequer tenha noticias
E num exílio perdido
Levarei comigo
Aquilo em que acredito
Partir
Por receio
Ou necessidade
Quem sabe obrigação
Levar na alma o medo
Levar no medo o coração
Desaparecer
Por entre as florestas e os trilhos
Pelos caminhos invisíveis do infinito
Andar de mão dada sozinha
Esquecendo jamais perdendo
O sentido ou a orientação
Dissipar
O que é bom e o que é mau
Fazer tudo evaporar
Sublimar
Congelar
Fugindo
Para encontrar
Ou perder
Correr
Em qualquer direcção
Porque a rosa dos ventos
Perdida está
E o tempo escorre
Pela ampulheta
Perdido na imensidão
Abraçar
O que é estranho
O que é peculiar
E nesse vazio achar
Ou talvez nunca mais procurar
Sequer uma explicação
Beijar suavemente
A amizade
E encontrar nela o abrigo
Para as libelinhas
De asas brilhantes
Que no percurso geo-botâncio
Encontro para me encantar
E por fim
Rendida e vencida
Descansar
No silêncio
Dos densos bosques
Onde nada é mais belo
Do que a luz que penetra
Por cada ramo
Tal qual janela
Do coração
Esquecida
Viva na recordação
Eternamente presa Aqui
Seguirei o rumo
Que o destino ditar
De cabeça erguida
Onde o vento me levar