Ser no mundo
Ser temporal, ser finito, ser para a morte...
Que falta de sorte!
A vida tem tanta beleza
E a nossa única certeza
É a incerteza do amanhecer
A certeza que cedo ou tarde vamos morrer
Antes de realizar todos os sonhos da vida
Pois a vida... Ah, a vida...
A vida é feita de possibilidades
Para escolher, há liberdade
Mas a escolha requer responsabilidade
E gera um sentimento de culpa
Culpa por causa da dívida
Dívida com a própria existência
Por não ter tido a ciência
De fazer a escolha melhor
Ter que escolher uma coisa só
Sem saber se o tempo vai dar mais um tempo
De fazer outras escolhas antes de “voltar ao pó”
Alcançar novas metas, realizar novos sonhos
Conhecer lugares novos e pessoas novas
Viver antes de perder
Porque viver, é perder
Um dia a mais na vida significa um dia a menos para viver
O tempo passa...
A angústia cresce...
Angústia de perder o próprio ser
E de deixar de ser no mundo
Maldita angústia!
Que desconforto! Que intranqüilidade! Que insatisfação!
A vida corre risco
Risco de perder a motivação
Mas, enquanto “ainda não”
A existência continua
Cheia de possibilidades
Resta-nos ir sendo, ir vivendo...
Bendita angústia!
Fonte de expansão vital
Produtora de movimento
Sim, movimente dentro de mim
E faça sair para fora de mim
Todo desejo de viver
Ir sendo o melhor que eu posso ser
Tu, angústia não pode nos libertar do tempo
Mas nos permite existir, ir sendo
Tentando intercambiar recusa e aceitação
Vida e morte, amor e ódio, criação e destruição...
Oh angústia maldita, angústia bendita!
Não me deixe perder o sentido da vida
Desconcertante angústia
Ensine-me a melhor conviver com você
Quer aprender com você a colher
A essência da existência
E ser no mundo
Viver profundo
Até que a morte nos separa
“Carpe Diem”...
Liliane Cristina Moreira