A rebeldia de uma poetisa
Tem dias em que não agrado ninguém
Nem a você, nem a mim também
Tem vezes que... sei lá
Simplesmente não me importo
Ignoro do escuro o silêncio remoto
Onde as palavras parecem brincar
Estava pensando em algo a ver
E algo me levou a pensar
Não estou falando de algo qualquer
Estou falando do "algo" de poetar
Poetar? Taí algo que odeio, um mal!
Poesia? Eis meu encosto!
Quanto mais adquire corpo e rosto
Mais se desprende do sentimento original
Arranco aplausos, arranco sorrisos
Talvez seja tudo o que eu preciso...
Não, chega de pão e circo!
Com ela satisfeita nunca fico
Rimas, formas, melodia!
Um grande barato que não se acaba?
Pensamentos transformados em palavras
Da mente saem quentes, no papel viram frias!
Cansei de poetar...
Anuncio meu fim
Adeus! Ou até já?
A poesia não quer sair de mim
Não a queria bela...
Não a queria terna!
Apenas que falasse austera
O grito que bem cá se encerra
Sou escrava da poesia
Cansei. quero minha alforria
Talvez eu esteja sendo apenas criança
Mas digo adeus. E não mando lembranças.
...o pior de tudo é que tenho a imagem precisa
de que quanto mais me rebelo, mais me provo poetisa
ela sorri: 'vai em paz, nem pense em voltar
quanto mais longe, mais perto de mim vai estar...'