INCOMPREENSÃO
Ninguém é capaz de definir o sofrimento!
Clara evidência de sua complexidade
Mas a vã filosofia de alguns eruditos desavisados
Consegue comprometer a sabedoria popular
O lamento que expulsa das córneas molhadas
A agonia da dor da saudade
Santa crueldade humana
Porca sabedoria animal...
Que dor, que dor infinita...
Não quero que o outro me sinta
Um mal estranho invade-me, corpo e alma
Cala–me profundo o que vem do mundo
Irrita-me a triste melancolia
Que arrasto no peito
Que me nutre num trejeito
Que me faz pensar.
Ninguém é capaz de definir o sofrimento!
Quem será a outra alma que me fez pensar?
Poeta, poeta do mundo!
Sou o vagabundo que tu escreves em ladainha
Minha sorte, minha morte faz-te pensar
Na escrita proscrita, vulgar
Sou porque sou um eremita
Vago nas sombras da escrita
Mas estou
Eu sou
Longe das promessas
Perto da vida eterna
Minha lanterna apagou
Mas eu vou
Vou porque é de lá que eu sou.