Tantas águas
No frescor de águas limpas, transparentes
Fico a banhar meus pensamentos mais sombrios
A água lava e afasta assim da mente
Algo incerto e persistente
Um certo frio
Nas lagoas vejo todo o reflexo
Da beleza que em redor se acha
Nos rios sinto a correnteza de repente
Levar embora alguma tristeza
Alguma mágoa
São tantas águas que me fazem muito bem
No mar percebo toda a profundidade
Nas ondas que espumosas vão e vêm
Vejo a vida com clareza
Sem maldade
A chuva fria e bem quietinha quando cai
Traz também nas suas águas alguma benção
Os vendavais fazem a transformação
Com grande susto, formas diversas
Em aceitação
São tantas águas diferentes que preciso
São todas elas necessárias, penso bem
Por mais que viva sempre, sempre assim persisto
Como estas águas que passam, às vezes ficam
Algumas vão, outras vêm.
(2006)