Noite de outono

Anoitecer errante sobre os vales camuflados de airosa neblina,

Céu de assombroso negrume azul-petróleo, sobre o monte declina.

Ruidoso passáro noturno, entre os vastos pinheiros verde-oliva,

Plaina repousando de leve, na rama recém brotada mais viva!

Sorteando caem os pingos da chuva e onde ela toca transforma,

E O seco arfar da montanha exala agora o cheiro da terra morna.

As falecidas rosas da primavera que no verão ressequiram ao sol,

Dão lugar ao âmbar que gera a frieza do vento ao soprar no arrebol.

Sem máculas e refém do dia, preso a sua agonia o astro da sublime luz,

Lamenta não vislumbrar a alegoria de encantos que só noite produz.

No avermelhado nascente se ergue, e no ocaso se deita só e silente,

Sequer o acompanha a lua que sob o seu lume vive quiçá, impotente.

Eu, que de privilégio sou farto nas madrugadas em claro, observo atento

E com esse inebriante estímulo a todos os meus desejos eu alimento.

Pela lua, pelas estrelas, pelo céu em silêncio uma promessa eu faço,

De ainda neste outono admirar a noite me aconchegando em teu abraço!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 04/03/2010
Reeditado em 02/06/2014
Código do texto: T2118805
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