POESIA CALADA

Não estou interessado em melodramas

Que fingem viver do mal pelo qual padecem

Estes nunca expressam o que são.

A emoção não mora nos olhos, nos ouvidos

Mas na volição da alma, na introspecção

Minha escrita...

Torna-se poema apenas se a sinto assim

Precisa ser livre dos caminhos

Esganiçados dos outros caminhos

Poesia não pode ter rumo, nem prumo

Insensível a escusos estratagemas

Deve estar contente por grafar-se sem mesquinharias

Correta e pura até em seus dilemas

Feliz por ser mágica, e não necessariamente rima

E dizer ao que veio sem emoldurar melodias

Quero minha poesia lida pelo peito, não declamada

Pois se as quisesse assim

Eu mesmo as gritaria por aí

Esgotadas no som seriam, para mim, quase nada

Quero-as, todas, sem exceção, caladas!