A beleza do coração humano

A beleza do coração humano é quase demente

Não pode ser medida e precisada por nenhum medidor

Pois para cada centímetro que vemos de alegria há também a dor

E no embaralhado de emoções que tem se perde

Suas veias e todo aquele vermelho não mostram sua cor real

Seu batimento não tem o ritmo necessário para exprimir-se

O coração humano é enganação e dissintonia

E parece único mesmo sendo de muitos

Outro se expressa por mim

E seu coração dirá o que sinto

E nem por um segundo negarei

Meu coração é brincalhão

Prega-me peças

É arteiro e sente-se assim bem

Senta ao meu lado para entre risos me dizer

Que traí os meus princípios sem perceber

Que quebrei promessas a quem amava

E fiz o que prometi não lhe fazer

E quando trai os seus princípios trai a si mesmo

E deixou-me sozinho ouvindo o som de sua fala

Seu bater como um martelo em minha cabeça

Minha garganta seca a lhe perguntar

E meus ouvidos sangrando de tanto ouvir a resposta

O coração humano é tragicamente dramático

Exagera tudo e minimiza o importante

Para que um dia possamos entender e chorar por tudo

O coração humano é um dramalhão sem causa

Uma carta deixada de fora na melhor jogada

Mas também um blefe sem nada na mão

Era uma folha de árvore e ninguém percebeu

Era um ás de espadas debaixo de uma manga usada e velha

Mas para inverter e embaralhar a vida

Ele é amor, alegria e paixão

Ele é ardência por onde passa

Mas nada queima e de sua poeira se levantam risos e suspiros

É adorado e odiado

Desejado e negado

É a passagem para o paraíso

...

Com uma escala terrível de parada no inferno

...

Entende a beleza do efêmero

Sente o momento

Aprecia o instante

Sabe de uma coisa?

Para mim

E apenas para mim

É tudo um apanhado de sonhos almejados

O coração humano é apenas uma mancha em um deserto de lama...

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 26/02/2010
Código do texto: T2108586