CONTRASTES...
‘Infeliz contraste.
Dançam pássaros de luz
E o mundo soluça.’
Lá fora o carnaval aflora
Aqui dentro a alma chora
Pela mixórdia ocorrida
Na alegria estampada de uns
Tristeza mórbida doutros
E há quem ache pouco
A vida... Por vezes
É um teatro de absurdos
Ficamos pasmos e mudos
Lado a lado com os contrastes
Dos curiosos paradoxos
Só o silêncio nos conforta
Amor rápido de verão
Implode em solidão
O cão uiva sua fome
Promessas decaídas no vazio
Promovem lembranças intrusas
Sonhos deitados ao chão
Num piscar de olhos...
Pisamos fundo na contramão
Já sem bússola e destino
Forças se esvaindo
Na face lágrimas caindo
Por não ter acontecido
Caminhos desencontrados
Amores esquecidos
Canta no varal o rouxinol
Por segundos o encanto
Rompendo o pranto
E há o encontro...
No som do violino
Que entoa fino
A mutação metamorfoseia
Pelas veias se perdem centelhas
Dos arrepios escorridos pelas orelhas
Hildebrando Menezes