Absinto

Absinto

Infinitas frases cunhei

Visando expressar o que sinto

Inúteis demandas – insatisfeito, todas elas apaguei

O sabor das súplicas me sabia ao amargo do absinto

Metáforas não mais são digeridas

Eufemismos não mais curam as insondáveis feridas

Sinistras garras de aço

Loteiam meu peito aos pedaços

Emparedado, optei pela inevitável afasia.

Quando não conseguimos nos fazer entender, resta-nos o último recurso de poder mergulhar em nós mesmos – mergulho que nos propicia um salvo conduto para a sanidade, para tentar compreender o que não conseguimos explicar.

Cidade dos sonhos, noite de Sábado de Carnaval, Fevereiro de 2010

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 13/02/2010
Reeditado em 03/04/2021
Código do texto: T2086018
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