Absinto
Absinto
Infinitas frases cunhei
Visando expressar o que sinto
Inúteis demandas – insatisfeito, todas elas apaguei
O sabor das súplicas me sabia ao amargo do absinto
Metáforas não mais são digeridas
Eufemismos não mais curam as insondáveis feridas
Sinistras garras de aço
Loteiam meu peito aos pedaços
Emparedado, optei pela inevitável afasia.
Quando não conseguimos nos fazer entender, resta-nos o último recurso de poder mergulhar em nós mesmos – mergulho que nos propicia um salvo conduto para a sanidade, para tentar compreender o que não conseguimos explicar.
Cidade dos sonhos, noite de Sábado de Carnaval, Fevereiro de 2010
João Bosco