EU não acredito...
Eu não acredito em “livros divinos”;
Eu não acredito que a consciência de si mesmo e das coisas ao redor
Sobreviva após a morte do corpo;
“alma e espírito” são apenas vocábulos metafóricos coloridos e pintados
Pela ainda arcaica mente humana.
Eu não acredito em nenhuma religião, nem em seitas e facções;
Eu não acredito que Deus é esse ser caracterizado,
rotulado e descrito nesses obtusos “manuais sagrados”;
Eu não acredito que haja felicidade nem aqui, e nem em outro mundo,
Nem em outra dimensão, e nem outro possível universo;
Felicidade é apenas um desejo aspirado e verbalizado.
Eu não acredito que o amor exista,
Todo ato ou ação que dizem expressar amor ou filantropia
sempre busca uma auto-satisfação, a qual é também um tipo distinto de egoísmo.
Eu duvido até mesmo das coisas e sensações que meus sentidos corporais
captam ou recebem, transmitindo informações imprecisas ao meu cérebro,
o qual vomitará conclusões equivocadas e dúbias;
Eu duvido dos motivos e dos benefícios da Guerra e da Paz,
Pois sempre há mais coisas que se cogita por trás das cortinas subjetivistas.
Eu não acredito em heróis e nem em vilões,
Bem e o Mal, Certo e o Errado, Verdade e Mentira,
Tudo isso são apenas conceitos dualísticos e vãs opiniões forjadas e sancionadas.
Eu não acredito que nenhum sistema socioeconômico e governos possam promover
O progresso da mente e da natureza humana.
Eu não acredito que a morte e o sofrimento sejam as conseqüências de uma causa.
“Causa e conseqüências” são meras interpretações mal interpretadas.
Eu não acredito em livre-arbítrio e nem em destino;
Eu não acredito em big-bang, nem em criacionismo, e nem em darwinismo;
As coisas existem, e pronto. Ou talvez nem isso...
Eu não levanto a bandeira de nenhuma corrente filosófica, política, social,
Mística e nem científica. Por quê? Qual é então a minha causa?
A única coisa não prevista até agora é que a minha causa seja a causa de mim mesmo!
Porque eu quero ser apenas “eu mesmo”,
E não sou de segmentos niilistas,
e nem de nenhum segmento que termine em –ista, ou –ismo.
Eu não acredito que não acreditei.
Contudo se eu acredito, eu não acredito que acreditei.
Mas já agora eu celebro a morte dos paradoxos, da sintaxe, da linguagem,
Das distintas mãos que escrevem e pensam,
E canto precursoriamente a morte desse mundo onde ocorrem tais ridicularidades,
E que tudo se transforme em uma outra coisa plenamente diferente,
que no âmago em si sempre será a mesma coisa.