Cálice

Afasto-me de você

De varias maneiras, pois, de outra forma, me aproximaria,

Esses pequenos gestos são grotescos, quase estúpidos,

Vejo-a, desejo ser cego,

Excomungo-te, tanto quando te adoro,

Esse “Cálice” embriaga-me de prazer e dor,

Em súplica a Deus, peço, se afaste de mim.

Condeno-me a total abstinência,

Pois, entregue à devassidão,

Sucumbo ao teu corpo, beijos...

Devo flagelar-me, castigar meu corpo para obter a paz,

Esse demônio, esse desejo,

Torna-me humano, divino e cético.

Gravado nas paredes do meu quarto,

Os orgasmos, as mãos suadas, ficaram gravados,

Sob o lençol, a sua imagem, o santo sudário das noites incansáveis,

Rezo o terço,

Embora minhas preces, um dia fora ouvida,

Hoje são, só, palavras soltas no vento.

Vivo entre o céu e o inferno,

Entre os dias e as noites,

Como sombra, vago entre o inconsciente e a consciência,

De amar ao Diabo exterior,

E submeter-se ao Deus interior.

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 06/02/2010
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