Cálice
Afasto-me de você
De varias maneiras, pois, de outra forma, me aproximaria,
Esses pequenos gestos são grotescos, quase estúpidos,
Vejo-a, desejo ser cego,
Excomungo-te, tanto quando te adoro,
Esse “Cálice” embriaga-me de prazer e dor,
Em súplica a Deus, peço, se afaste de mim.
Condeno-me a total abstinência,
Pois, entregue à devassidão,
Sucumbo ao teu corpo, beijos...
Devo flagelar-me, castigar meu corpo para obter a paz,
Esse demônio, esse desejo,
Torna-me humano, divino e cético.
Gravado nas paredes do meu quarto,
Os orgasmos, as mãos suadas, ficaram gravados,
Sob o lençol, a sua imagem, o santo sudário das noites incansáveis,
Rezo o terço,
Embora minhas preces, um dia fora ouvida,
Hoje são, só, palavras soltas no vento.
Vivo entre o céu e o inferno,
Entre os dias e as noites,
Como sombra, vago entre o inconsciente e a consciência,
De amar ao Diabo exterior,
E submeter-se ao Deus interior.