O POETA
Eu ando por ruas escuras
Chão vazio, rostos anônimos
Todos carregam nos olhos
Um pouco de anjo e muito de demônio
Eu caminho por esse caminho
Que não existe atalho
E supero os problemas do mundo
Com pouca malícia e muito trabalho
Eu sou um reptil no limo
Sou apenas um menino
Trocando um dedo de prosa com o Tempo
E ele pelo que me lembro, disse:
_Não tenha pressa. Não perca tempo
Porque a vida passa depressa sem que percebamos.
Já andei no mato, no asfalto, no meio-fio
Mas onde tive mais espaço foi no vazio
Onde encontrei meus melhores amigos foi na solidão
Meus livros, meu Jack Daniels, meu cão
Eu ando por ruas escuras
Chão vazio e rostos anônimos
Concluo que nesta vida
Um pouco é caráter e muito é nome
É por isso que me digo poeta