O POETA

Eu ando por ruas escuras

Chão vazio, rostos anônimos

Todos carregam nos olhos

Um pouco de anjo e muito de demônio

Eu caminho por esse caminho

Que não existe atalho

E supero os problemas do mundo

Com pouca malícia e muito trabalho

Eu sou um reptil no limo

Sou apenas um menino

Trocando um dedo de prosa com o Tempo

E ele pelo que me lembro, disse:

_Não tenha pressa. Não perca tempo

Porque a vida passa depressa sem que percebamos.

Já andei no mato, no asfalto, no meio-fio

Mas onde tive mais espaço foi no vazio

Onde encontrei meus melhores amigos foi na solidão

Meus livros, meu Jack Daniels, meu cão

Eu ando por ruas escuras

Chão vazio e rostos anônimos

Concluo que nesta vida

Um pouco é caráter e muito é nome

É por isso que me digo poeta

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 05/02/2010
Reeditado em 05/02/2010
Código do texto: T2071110