AMOR DO AMOR
Talvez se possa reduzir o amor ao querer,
Quem sabe resumi-lo ao desejar,
Mas querer o quê e como desejar?
O que é verdadeiramente amor?
Ele pode ser discriminado,
Ou classificado, dividido, tipificado?
Pensando bem, tenho até medo de falar,
Pois sei as pedras que sobre mim virão,
Neste mundo egoísta,
Onde o que dizem amor
Sempre espera retribuição.
Mas de tudo que entendi na vida,
Esta é a súmula e a conclusão:
Que amor é simplesmente amor,
O que não combina com extorsão.
Quero dizer que amor nada espera
E não existe por imaginar recompensa,
Nem mesmo amor de mãe,
O amor de Deus,
Ou qualquer amor que se pensa.
Pois o amor que algo espera,
Não foi jamais amor,
Mas permuta, que é negócio.
E sabemos desde cedo,
Que no escambo o amor já era.
É assim que pretendo amar minha amada,
Meus amados e meus filhos.
É assim que quero amar a quem que não vejo,
Aqueles por quem não morro de desejo.
De quem nada quero, nem recompensa espero.
Os que não podem me fazer o bem,
Pois sei: se somente amar por recompensa,
Talvez eu nunca ame alguém.
Wilson Amaral