Nada restou , não existia nós!
Nada restou...nem sentimentos contidos
Não restou bens materiais
Não restou respeito
Não restou vergonha
Não restou nem a aliança
Que de tão fina, partiu.
Restou um monde de dívidas
Todas colocadas deliberadamente no meu nome
Outras no nome da minha mãe
Um carro moído,
Ocupando lugar e alienado,
Os filhos que sempre cuidei.
Para ti, apenas a alegria de partir...
O que fazer quando nada mais resta ?
Para nós que já era difícil , torou-se impossível
Não sentirei pena de ti...
Pela primeira vez, ousarei sentir pena de mim.
Enganada por um Bandoneon e por tanto anos
Certamente hoje eu sei, possues:
O coitadinho de mim, que herdasses da sua mãe
E o Gardelon enganador, que herdastes do teu pai.
Pode erguer a cabeça Narciso Impoluto
Vai seguir teu caminho enganando outras pessoas
Por bondade aqui ficastes até acabares com tudo
Se deixasse, levavas meu cerebro,
Era tudo o que querias!
Vá Gardelon, vá feliz
E quando me encontrares, seja discreto,
Por solidariedade, vergonha , ou um pingo de dignidade
Uma vez na vida
Finjas que não me vistes!