Je ne suis...

Sou um pingo de café em uma mesa vazia

Aguardando pela mão suja que vai me acabar.

Sou o pingo de silêncio quando tu está acordado

Aguardando pelo barulho assombrado do lugar.

Posso fingir que estou quebrado

Engraçado, aguardando o conserto do bem,

Posso fingir que estou consertado

Ansiado, aguardando a destruição por alguém.

Sou ajustado conforme o vento gelado

Porém, vento para todos os lados

Não dizem a direção para ninguém.

Não siga uma direção. Vão!

Siga o vento que te atrai para o além.

Sou o café queimando tua língua em vão

O gosto amargo arde,

Mas engula-me goela adentro

Me deixe ficar no teu centro,

Sou quente e cinzento.

Vomita-me, muito antes deu fazer efeito,

Posso fingir ser teu calmante

Ofegante, sou um suspeito.

Sou o teu cinzeiro azul

Calado, aguardando o filtro amarelo

E um farelo, rastro imundo ao sul,

Sou um sinal verde, mas te cancelo.

Encerro esta conversa jogada fora

Nesse instante ou a qualquer hora,

E espero que ninguém a pegue do chão.

Aguarde e veja ela ir embora

Como um pequeno, quase impersepitivel grão.

Sou o pingo de café que estava na mesa vazia outrora

Um pingo sem nome, forma, e coração.

Dornelles
Enviado por Dornelles em 25/01/2010
Código do texto: T2049545
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