AFASIA
Era pura mímica.
Cada olhar era um mistério
e cada mistério era um rastejo.
Eu a deixava analítica...
como se meu hemisfério esquerdo
fosse feito num lampejo
e as declarações
fossem sopros de uma crítica.
Sem mais. Sem menos.
Sem razão calculada
No mais, o menos
explicava cada gesto
Detalhada...
Mente.
Era isso!
A mentira em detalhes!
Seja lá o que invente
Ela retalha, ensina, aprende
se engana é porque mente.
É porque não existe.
Mas está evidente...
Luta pra existir!
E se quer...quem sou eu?
Quem sou eu pra proibir?
Um capacho ilusionista
em conflito com o amor?
Quem sabe um falso doutor
repensando na dificuldade
que é aceitar sem sequer ter compreendido?
Um deles desistindo de ser dela?
Quem sou eu neste momento?
Sou a chama desta vela.
Que queima.
Neurônio por neurônio.
Cada demônio.
Minha mente está a frente
de qualquer futuro imaginado.
O passado? O passado é incoerente
Aparece no presente e some;
querendo seguir em frente.
Como o bom e velho homem
O suado augusto homem,
ouvindo sua consciência.
Como eu a ouço
e estou ouvindo agora.
Dessa maneira incoerente
Prestes a concordar
que a mentira é a saída
na guerra contra o inexplicável.
[...]
A afasia que me faz
a fazia infeliz.
BRUNO TAOL
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