Mãos
á não consigo controlar minhas mãos.
Ora desejo, ora inquietação.
Mãos bobas, estas!
Deslizam sobre tudo o que vêem.
Impulsivas, frenéticas, voluptuosas!
Lambem todo meu caminho,
passam sem deixar vestígios!
Enxergam mais do que muitos,
essas mãos bobas que se enrugam no frio.
Elas falam comigo,
mesmo sem dizer nada.
Prefiro que assim seja,
aquelas que gritam tocam em tudo,
mas nunca dizem nada!
Enxergo mais do que quem ver,
pois em minhas mãos posso confiar.
Olhos são traiçoeiros
e, a qualquer hora, podem te enganar!
Sentem a vibração do samba;
o sapatiado; o mambo.
Filmam, fotografam. Registram tudo.
São meus olhos, minha tela, a janela
para mundo.
E, ah, queridas pegadoras,
o que seria de mim sem vocês?
Passaria a ser cego, mas cego de vez!