Retratos da vida

Nas marquises, nas praças
Nas ruas das grandes e pequenas cidades
Quantos sonhos ao léu
Quantas esperanças mortas
Quantos precoces réus.

Drogas, sonhos, ilusão
Medos, carregados no coração
Sentimentos confusos e contidos
Olhares descrentes e perdidos

Nas ruas sem direção
Buscando qualquer opção
Entre artes e fantasias
E a vida passando sem futuro
Num imenso vácuo escuro

Pequenos homens e mulheres
Jogados ao acaso do tempo
Vivendo conforme o vento
Expostos a própria sorte
Sem rumo, sem norte.

Maltratados, abandonados
Vestes rasgadas, cheirando cola
Como alimento, e alivio
Para fugir da dor
Da falta de amor

Usados pelos mau-feitores
Sem dignidade, sem pudores
Prostituídos, marcados para sempre
Sem piedade, sem oportunidades.

Crianças sem rosto
Reflexo do desamor
Do odor da humanidade
Da indiferença dos homens
Que mata sem piedade
Pela pobreza de espírito

Sangue que jorra
Pelas vertentes das cidades
Feridas vivas mostrando a realidade
De uma sociedade sem alma
Que se encontra anestesiada, doente
Por isso, que nada sente.

Mas! Ainda há esperança
Para estas crianças
Há poucas! é verdade
Há aqueles que ainda fazem caridade
Que estendem a mão
Que ainda tem coração
Que acredita no amanhã
Que sonha com futuro
Que sai de seus muros
Que desce dos pedestais
Que tiram a camisa
Que sensibiliza com as lagrimas
Que enfrentam o desafio
Os tiros, as discriminações
Que não perderam a razão
Que são impulsionados pelas emoções
E por isso se dão.

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 28/07/2006
Reeditado em 28/07/2006
Código do texto: T203713