Recluso

Estou de volta ao meu ninho.

Desgastei-me por demais, por quase nada.

Preciso ficar um tempo sozinho,

Para ter a energia recuperada.

Para tanto, conto com os ingredientes principais do meu mundo:

A casa, a companhia e o carinho da filharada: meus bichos!

Eles, como ninguém, conseguem me recolocar nos trilhos,

Mesmo que eu esteja vindo de um desgosto profundo.

Tivemos apenas, um ameaço de temporada,

- Em meio a trovoadas -

Que já se deu por encerrada.

Os sonhos foram levados pela enxurrada.

Não houve prazer, muito menos diversão.

Apenas ansiedade e preocupação,

Seguidas de espanto e desolação...

Foi como se o calendário pulasse uma estação:

Justamente, a mais esperada, o verão!

Na virada do ano,

A alegria virou desengano.

Perda de capital investido,

Centenas de empregos perdidos...

Os turistas horrorizados,

Debandaram ensopados.

A população assistiu a tudo,

Sob a sombra de um sofrimento mudo.

Os cancelamentos de reserva multiplicaram-se.

Todas as fragilidades escancaram-se.

Ninguém sabe como vai ser

O próximo amanhecer.

Um astral estranho tomou conta da praia,

Com sua beleza vazia.

Dói muito vê-la assim...

Segui o seu conselho: voltei-me para mim.

Recluso, continuo escrevendo

O que vou percebendo.

Aguardo o próximo amanhecer,

Que há de ser pleno. como esse escurecer.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 17/01/2010
Código do texto: T2034270