COMPASSO DA ESPERA

tempo que se esvai

miúdo, devagar,

finando na areia

da ampulheta

lembrando vigores

cansados, sonhos

desenganados,

folheios no calendário

vindo no real dos dias

toda melancolia

abatida nos fracos

prenhes de esperanças

no alcance do improvável

na aquiescência cordata

insanos e oscilantes humores

cai aos poucos, vai-se a vida...