Porto Príncipe

A tragédia desperta a solidariedade,

Altera as metas da humanidade,

Faz brotar recursos,

Muda todo o percurso.

Traz à tona o sentido de irmandade,

Potencializa a humildade.

Sob o seu pano vermelho,

O outro passa a ser o espelho.

Mediante toda a tristeza,

Reaparecem algumas básicas certezas.

Quando a destruição impõe sua presença,

São revistas todas as crenças.

Os corpos mutilados,

Gritam desesperados.

A destruição compacta,

Vigorosamente impacta.

Desacomoda tudo,

Empalidece o mundo.

Causa medonhos arrepios,

Faz o corpo estremecer em calafrios.

Dói,

Corrói...

Mina,

Aniquila...

É tanto sofrimento,

Que se espalha feito um pavimento,

Nublando a visão,

Da terrível devastação.

Perde-se de tudo, a noção,

Abdica-se de toda ilusão.

Lágrimas queimam como lava,

Mediante o poder da natural clava.

Enterra-se o ego,

Sente-se cego...

Abandonado pela sorte,

Nos braços incompreensíveis da morte.

Sei que deve haver uma explicação,

Embasada nos desígnios da imensidão.

Mas, francamente:

Que crueldade demente!

Aterradora,

Enlouquecedora.

Se o homem não acordar perante tal violência,

Que exaltou sua impotência,

Não sei mais o que será preciso,

Para o nascimento de um novo juízo,

Que respeite as leis naturais,

Os códigos siderais.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 14/01/2010
Código do texto: T2028471