Ninho

Posso ouvir os grilos

Mas não ouço-te mais;

Nessa noite sem estrelas

Posso ouvir a paz

E sentir as nuvens

Trazendo-me uma tempestade

O que conforta-me e satisfaz.

E era no final da tarde

Quando observei os pássaros

Uma linda família no seu ninho

Percebi então, que a mãe dos passarinhos

Trazia o alimento e os dava no biquinho

Percebi também, que dessas lindas aves sou vizinho

E se ao me redor há tanta gente

E se me julgo tão sozinho,

Por que então nessa linha não alinho?!

Permaneço com a família e esqueço do caminho

Que antes tinha traçado

Meio atalhado, que fui-me meio mesquinho

Agora me deparo com esse pequeno passarinho

Tendo ao seu lado, mãe, irmãos e o verde

Enquanto ao meu lado está ele

Meu velho amigo inseparável, o vinho.

Todos devem pensar...

A dor do mundo caiu sobre este rapaz!

Mas não é verdade que o faz

E nem a doce mentira que o traz

Até aqui, neste universo paralelo

Sim, ele será um dia capaz

De trocar a ausência de dor por amarelo

Não que seja escrito aqui,

Como um domingo belo

Histórias falsas sobre alguma princesa e seu castelo.

Mas quem sabe, zelar a mim

Como a ti sem perceber zelo

E sim, não será também ele capaz

Mostrar-se um homem sagaz

Em um palco externo;

Nem colocar aos poucos em cartaz

Seu monólogo interno.

Dornelles
Enviado por Dornelles em 13/01/2010
Código do texto: T2027987
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