Ninho
Posso ouvir os grilos
Mas não ouço-te mais;
Nessa noite sem estrelas
Posso ouvir a paz
E sentir as nuvens
Trazendo-me uma tempestade
O que conforta-me e satisfaz.
E era no final da tarde
Quando observei os pássaros
Uma linda família no seu ninho
Percebi então, que a mãe dos passarinhos
Trazia o alimento e os dava no biquinho
Percebi também, que dessas lindas aves sou vizinho
E se ao me redor há tanta gente
E se me julgo tão sozinho,
Por que então nessa linha não alinho?!
Permaneço com a família e esqueço do caminho
Que antes tinha traçado
Meio atalhado, que fui-me meio mesquinho
Agora me deparo com esse pequeno passarinho
Tendo ao seu lado, mãe, irmãos e o verde
Enquanto ao meu lado está ele
Meu velho amigo inseparável, o vinho.
Todos devem pensar...
A dor do mundo caiu sobre este rapaz!
Mas não é verdade que o faz
E nem a doce mentira que o traz
Até aqui, neste universo paralelo
Sim, ele será um dia capaz
De trocar a ausência de dor por amarelo
Não que seja escrito aqui,
Como um domingo belo
Histórias falsas sobre alguma princesa e seu castelo.
Mas quem sabe, zelar a mim
Como a ti sem perceber zelo
E sim, não será também ele capaz
Mostrar-se um homem sagaz
Em um palco externo;
Nem colocar aos poucos em cartaz
Seu monólogo interno.