Donde viemos... prá onde iremos?

Há muito tempo, antes deste presente tempo

Vazio de cores, de luzes, de água ou cheiros

Do poeta que vos fala nada se registrara ainda

Penso! Desde que a existência ainda não o era

Um único som acaso seria ouvido no vasto vácuo

Nem galáxia, ou planetas, nem terra, nem pessoas

Uma equação ainda incompleta, sem segundo termo

A balança pendia viciosamente para a sua esquerda

Faltava uma solução para tal desequilíbrio, o que urgia

Da cumplicidade voluptuosa de dois seres humanos

Uma fagulha espérmico-ovular se alojara na nave-mãe

Surgiram as cores e cheiros, ouvia-se a paz placental

E ainda lá fora, o silêncio de Itabira, minha terra natal

É que ali os sons chocam-se contra as ladeiras, profusas

Em seguida, já refletidos, logo anulam-se em confluências

Mesmo os ventos se tornam prisioneiros nos vales afunilados

E do badalar dos sinos das igrejas traduz-se sublimes melodias

Bem, o tempo ainda assim navegava, seguia depressa, voando

Minutos passaram, dias, semanas e meses, nove longos meses

Percebera-me já em outro mundo, agora com clima bem variável

Estranho mundo de homens e sangue, também de vozes e choro

Penderam-me de cabeça pra baixo, com palmadas na sola dos pés

Depois, coisas estranhas: perfumes, pomadas, óleos, pano pra tudo

Quem era aquela gente, de onde vieram eles, que língua falavam?

Minha imaginação já estava energizada desde ali, e até quando?

Prenúncio de minha primeira escola: aprender como se viver por ali

Como tudo na vida, surgiram vários degraus, nada que fosse fácil

No princípio, surpresas às pencas, e talvez, saudades, de onde?

Na estrada do futuro, muito apego à terra, à família, aos objetivos

Parece-me, às vezes, que os minutos passam, as horas talvez não

Enfim, que morra a morte, e que viva a vida... e dure pra sempre!

Harock
Enviado por Harock em 13/01/2010
Reeditado em 27/05/2013
Código do texto: T2026304
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