Escravo
Lentamente vivo escravo do tempo.
Existo agarrado à temporalidade
E sob esse contar
Abre-se um negro no céu azul
Revelando a mortalidade
Sou fraco,
Um louco à procura do futuro
Do cálice da vida
Do amor eterno
Condicionado pelo presente
Assombrado pelo passado.
Pelas culpas.
Fantasmas assomam,
Vivem infinitamente,
Aterrorizam,
Amordaçam a felicidade.
Névoa abandona-me.
Limpa meu olhar turvo.
Ilumina-me.
Quero fugir para bem longe,
Correr dos meus temores,
Das minhas penas.
Quero um dia de sol.
A aurora sorridente
Num amanhã distante.
O abismo
Onde saltamos temerariamente
Insanamente
Numa tela de cores vivas
Sem saber desenhar.