O cemitério

Quem reclama da utilidade da lixeira?
Vai-se o lixo para o seu próprio lugar.
No aterro compor o que sobra,
De uma alquimia vulgar.

Devolve-se à natureza o que dela tomou-se,
Emprestado do reino mineral
Num repugnante, mas genial, processo
Cujo resultado traz renovação geral

O que nos tráz a cultura senão, uma sedutora maquiagem
Para as dores das perdas necessárias
Nessa irrefutável ilusão chamada vida
Escola temporária das mais importantes lições.

A vida que se afasta da matéria
Pelas mãos do Infinito Poder e Sua caridade.
Se voltar é pela necessidade,
Mas não para dentro da lápide

O desconhecido alimenta o medo
Que embota o entendimento
Em meio a lágrimas e saudades
Só a consciência traz a verdadeira claridade.