QUANDO A VELHICE VIER
Quando eu envelhecer
E me tornar criança novamente
Os meus filhos certamente
Vão se esquecer um pouco
(ou talvez não tão pouco) de mim
Para se lembrarem de si mesmos
E de seus próprios filhos
Quero ter a sorte de encontrar
Um desses arremedos de lares
Alcunhados pavorosamente de asilos.
Quero um asilo com um mínimo de calor
Que me permita mergulhar fundo
Nas reminiscências e fantasias
Tal qual nas minhas primeiras infâncias
Só não quero voltar a sentir medo
De um Deus terrorista, de trovões
Do meu pai, de assombração e do escuro.
Sonho me adaptar às mudanças que virão
Para não sofrer a amarga depressão
De um mundo tresmalhado
E jamais ter que pensar
Em abreviar o inevitável
Como o fizeram o Nava e o Betelheim.