Amores ausentes, dores pretéritas.
Amores ausentes, dores pretéritas.
Conjugar o verbo no futuro do pretérito nos poupa de desagradáveis dores.
Quase sempre dores idealizadas; são mais dores pensadas que dores reais.
Dores que não resistiriam a um inquérito - seria apenas um pretérito a mais.
O pretérito então vira máscara do pretexto, um entremeado a tantos outros fatores.
Se não sei lidar com sentimentos, digo então que gostaria de ter alguém para amar.
Talvez também diria que amanhã eu procuraria te ver, se soubesse aonde te encontrar.
E de pretérito em pretérito, usando verbos pretextos, arrumaria infinitas formas de me enganar.
E sofreria demais, preteritamente incapaz de mergulhar no presente, dores pretéritas a me sufocar.
Rimas pretéritas são muitas, são fáceis de conjugar, estão de acordo com um mundo em que sentimento não há.
Um mundo privado de amor, grávido de pretérita harmonia, em que se compra de tudo, talvez até fantasia.
Preteritamente não sei em que lugar me encaixo nesse Universo de pretextos – Em que lugar eu estaria?
Resposta que agora eu não tenho, presentemente confesso - mas sei que o antídoto para o pretérito é o presente conjugar.
Prefiro sempre o gesto à palavra, o relato verbal a uma explanação escrita, o contato olho-no-olho a qualquer outra forma de interação. Se não buscamos o contato direto, se nos ocultamos, então usamos do verbo no pretérito para enganar a nós mesmos.
São José dos Campos, última Quarta-Feira de Dezembro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)