O Sexo dos Zumbis
Penso que o corpo humano,
Além de ter lá seus próprios critérios,
Também possui inúmeros mistérios...
Incontáveis,
Insondáveis...
Ocultos por transparentes panos!
O que sabemos sobre o assunto é pouco,
Irresponsavelmente pouco!
Viveríamos muito melhor se soubéssemos mais,
Principalmente, dos percursos emocionais...
Suas causas e consequências,
Suas laudas e saliências...
O impulso sexual é o campeão
Em confusão...
Além de ser o eterno problema da humanidade,
Foi mergulhado em banalidade.
É o assunto mais falado
E o mais manipulado.
O sexo que se vê na atualidade,
Apesar da fama de liberal,
É raso, banal.
Gera inúmeros desvios na personalidade,
Que sonha em se ajustar
E não em se desvendar.
O que vejo hoje na esmagadora maioria,
É uma fálica verborragia,
Que só engana, não satisfaz...
Digo mais:
Ao se fundamentar em aparências,
Desembocou em inconsistências.
Falsifica-se o desejo,
Por temer o próprio contexto,
Que só é liberado na madrugada,
Quando a mente está embriagada
E livre da comum censura,
Que castra qualquer proposta de altura...
Os zumbis de olhos inchados
E dilatados
Vagueiam pela noite, necessitados
De se sentirem saciados,
Em seus desejos inconfessáveis
E suas fantasias inenarráveis.
Ao amanhecer,
É tratar de esquecer
E voltar à vidinha mediocremente sem graça,
Que se enfrenta, meio que de pirraça,
Por faltar coragem
De assumir a própria paisagem.
Ocorre que o sexo é a fonte da vida,
Essa manifestação de criatividade irrestrita.
Não acham uma estúpida pretensão,
Acreditar que se pode mascarar,
Que se pode alterar,
A sua natural configuração,
Apenas para se adequar e ser aceito,
Maculando assim, o que se carrega no peito?