O Sexo dos Zumbis

Penso que o corpo humano,

Além de ter lá seus próprios critérios,

Também possui inúmeros mistérios...

Incontáveis,

Insondáveis...

Ocultos por transparentes panos!

O que sabemos sobre o assunto é pouco,

Irresponsavelmente pouco!

Viveríamos muito melhor se soubéssemos mais,

Principalmente, dos percursos emocionais...

Suas causas e consequências,

Suas laudas e saliências...

O impulso sexual é o campeão

Em confusão...

Além de ser o eterno problema da humanidade,

Foi mergulhado em banalidade.

É o assunto mais falado

E o mais manipulado.

O sexo que se vê na atualidade,

Apesar da fama de liberal,

É raso, banal.

Gera inúmeros desvios na personalidade,

Que sonha em se ajustar

E não em se desvendar.

O que vejo hoje na esmagadora maioria,

É uma fálica verborragia,

Que só engana, não satisfaz...

Digo mais:

Ao se fundamentar em aparências,

Desembocou em inconsistências.

Falsifica-se o desejo,

Por temer o próprio contexto,

Que só é liberado na madrugada,

Quando a mente está embriagada

E livre da comum censura,

Que castra qualquer proposta de altura...

Os zumbis de olhos inchados

E dilatados

Vagueiam pela noite, necessitados

De se sentirem saciados,

Em seus desejos inconfessáveis

E suas fantasias inenarráveis.

Ao amanhecer,

É tratar de esquecer

E voltar à vidinha mediocremente sem graça,

Que se enfrenta, meio que de pirraça,

Por faltar coragem

De assumir a própria paisagem.

Ocorre que o sexo é a fonte da vida,

Essa manifestação de criatividade irrestrita.

Não acham uma estúpida pretensão,

Acreditar que se pode mascarar,

Que se pode alterar,

A sua natural configuração,

Apenas para se adequar e ser aceito,

Maculando assim, o que se carrega no peito?

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 30/12/2009
Reeditado em 30/12/2009
Código do texto: T2002569