Latejante e contido

É tão complicada a tarefa de simplesmente continuar vivendo!

Mesmo que sem sentido

Mesmo não entendendo

Mesmo sem se preocupar com o rumo que tudo irá tomar

Buscar o sentido da vida é, sem dúvida, mais difícil do que apenas vivê-la

Os dias correm...

O "tempo ao tempo" que damos a nós mesmos, passa na frente dos nossos olhos

É como um vento frio que congela a espinha

A neblina do desconhecido que toca as narinas

Os membros sentem que algo irá arrancar o último suspiro

E novamente o grito da alma é ouvido

E mais uma vez o coração sangra

O oco da árvore apodrecida é o reflexo do presente

O breu levou a mente ao topo da colina

De lá os pensamentos voam e caem no abismo

Algo fica vazio depois da queda, e volta a neblina

E é justamente aí que fala o inconsciente

Os vultos são apenas manchas que a borracha do tempo tratou

A exaustão dos sonhos é nítida

A descoberta da insistência estéril

E a busca pelo fim da linha e o momento de dizer: Não acabou!

A terra seca suga os pingos da chuva de toques que transforma o corpo num instrumento perfeito e paradoxalmente silencioso

A arte de enxergar o impalpável

O passado escuro

O presente preto e branco que busca se misturar para enfim ser cinza

O futuro incolor

A alma que já disseram ser branca

Mas que possui a púrpura como cor

Entender o sorriso se sabemos que somos mortais

Conter o riso pra não parecermos banais

Abafar o choro para não cairmos no cais

Secar as lágrimas e dizer: Nunca mais!

Afinal são momentos que nos completam e não os metais